UM CONVITE...

Quando uma sociedade é incapaz de criar as justificativas da sua existência, modifica imediatamente os mecanismos de produção das ideologias. A universidade sempre foi um desses mecanismos. Mas se a universidade já não pode mais dar resposta ao atual estágio de dominação, é porque de alguma forma as pessoas começaram a despertar. Deixaremos mais uma vez os soníferos discursos das modernizações conservadoras nos colocarem na cama ou nos levantaremos definitivamente? Fazemos, então, um convite à rebeldia e à criatividade. Não podemos aceitar a velha universidade burocratizada, nem a UNIVERSIDADE NOVA colonizada. Construamos nós, junto aos trabalhadores, a Universidade Popular!

COMUNA


sexta-feira, 18 de maio de 2007

250 ESTUDANTES PARAM A ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DA UFBA!

[Por Fabrício Moreira - militante do DAADM e d@ COMUNA]

[Quinta-feira, 17 de Maio de 2007] Estudantes de diversos cursos da Universidade Federal da Bahia param a Escola de Administração para expressar todo o seu repúdio ao sucateamento do ensino. Ao lado, estudantes faziam a pacata eleições para o DCE, onde todos prometiam em seus panfletos combater o processo de privatização das universidades públicas.


A turma de Administração Experimental (ver neste mesmo blog o texto: ADM: Vanguarda da Privatização) foi transferida da Escola de Administração para outro prédio porque começou mais um curso privado necessitando das instalações públicas. A turma ficou furiosa, o que desencadeou um processo de mobilização.

Na última quinta-feira, 17 de Maio de 2007, os 120 estudantes da turma do projeto Administração Experimental tiveram sua primeira aula de verdade: e foi no pátio! As cadeiras foram colocadas na área externa, onde já acontecia uma panfletagem e uma estrutura mínima de som estava instalada. Era simplesmente impossível um estudante que passasse pelo local ir tranqüilo para sua sala de aula sem ver o que estava acontecendo. Entretanto, o ato não tinha intenção de evitar que as aulas acontecessem, e os estudantes de Administração que participaram foram por conta própria. É importante ressaltar que o DAADM (Diretório Acadêmico de Administração) só deu o apóio, e que a mobilização só aconteceu porque os próprios estudantes do projeto Administração Experimental (diversos cursos da UFBA) se empenharam na construção do espaço. Mas não foi surpresa quando imediatamente tiveram o apóio dos outros estudantes do curso de Administração. A revolta era grande e generalizada, só precisava do estopim...

O pátio simplesmente lotou. 250 estudantes! As escadas, os corredores: todos os espaços cheios de estudantes. Naquele momento, os estudantes discutiram a situação da Escola de Administração e da Universidade. Mostraram todo o seu repúdio à Universidade Nova. O Diretor da Escola, Reginaldo Souza, chamou o DAADM para uma conversa às portas fechadas. Mas não era dia para burocracia, pois a Escola era dos estudantes mais uma vez! "Se quer conversar conosco, que desça até o pátio!".

A professora coordenadora do projeto (Tânia Fischer), a verdadeira articuladora do processo de privatização, estava na Escola e resolveu descer pra discutir. Diante do tamanho da mobilização, deu meia volta. Mas já era tarde: prontamente foi convocada pelos estudantes para o debate.

Depois de colocar a professora na parede, os estudantes terminaram o ato passamos um abaixo-assinado onde a própria turma declarou que essa metodologia de ensino é de péssima qualidade, exigindo que não voltasse a acontecer.

Os estudantes presentes no pátio da Escola de Administração saíram de lá sabendo que a luta ainda não estava ganha, mas que começaram com um grande passo. A Escola de Administração deveria ser o exemplo de sucesso de tal modelo. Já não pode ser mais!


Enquanto isso, acontecia o processo eleitoral para o DCE...

No mesmo dia e horário, o Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFBA) estava em processo eleitoral suplementar, devido às irregularidades ocorridas no período normal de votação. Foi extremamente simbólico o fato de que enquanto centenas de estudantes em Administração estavam mobilizados e questionando a universidade privatizada, uma boa parte do movimento estudantil (no máximo três dezenas) estava no prédio ao lado (FACED) se matando pelos últimos votos que ainda restavam. As tendências políticas brigando e discutindo uma com as outras, e várias delas criticando o DAADM por não participarmos deste processo. Os estudantes de ADM deram a resposta! Eles parados frente às urnas, enquanto uma outra juventude diziam "não" a esta velha (e a nova) universidade.

Felizmente o movimento estudantil da UFBA aos poucos está indo além dessas práticas imobilizadoras. Foi sintomático o fato de muitos diretórios acadêmicos não apoiarem nenhuma das chapas neste processo eleitoral. É ainda mais sintomático o fato de vários grupos estudantis e diretórios acadêmicos de diversas maneiras estarem buscando formas de fazer militância por fora dos quadros institucionais e partidários. Apesar de ainda ser enorme a fragmentação das lutas, novas perguntas e novas práticas já estão sendo construídas. Afinal, como disse Rosa Luxemburgo "Quem não se move, não sente os grilhões que lhe prendem".

11 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom ver a articulação do ME em vários estados. As mobilizações do movimento que vêm ocorrendo desde o início do ano estão centradas nas mesmas pautas, o que consente na maior visibilidade da luta de classes, e na consciência das classes populares e de seus interesses, os quais o da gritante maioria da sociedade.
Acho apenas que vocês podem aproveitar este momento de formação para estudar também a relação partido/movimento social, estudar teoricamente mesmo, e continuar quebrando pré-conceitos, como política = partido = politicagem. A inserção de forças políticas nos movimentos sociais, como o ME, amplia os horizontes estratégicos, pelo fato das forças analisarem e construírem projetos de sociedade mesmo.

Saudações socialistas aos companheiros de luta da Bahia!

Gabriel Lourenço
DCE Viçosa-MG - Gestão Voz Ativa
Articulação de Esquerda/Partido dos Trabalhadores
naocensurado@yahoo.com.br

Anônimo disse...

Jornada Europeia de Luta contra o Protocolo de Bolonha... Nem aqui, nem lá!
http://coordenadora.blogspot.com/2007/05/jornada-europeia-de-luita-contra.html

Anônimo disse...

http://coordenadora.blogspot.com

Unknown disse...

Olá, Gabriel,

não é por falta de estudo que a crítica aos partidos é feita. É um preconceito bastante comum entre militantes de partidos acusar de falta de estudos quem se coloca num campo autônomo em relação a eles e aponta os problemas tanto da atuação dos partidos no movimento estudantil quanto dos partidos políticos enquanto instrumento para a revolução social.

Mas, tal como você reconhece nos militantes de ADM companheiros de luta e recomenda a eles estudos, posso dizer o mesmo: companheiro, estude a relação partido/movimento social, estude teoricamente e na prática, e quebre os preconceitos tais como partido = única ou principal via para a atuação política revolucionária. A abertura de horizontes estratégicos por gente de fora de partidos fortalece ainda mais a luta do que se se passasse anos militando num partido, porque isto é um sintoma de que a reivindicação faz sentido a quem deve fazer: isso que você talvez chame de "base", que é quem passa a conduzir as lutas por conta própria, tal como aconteceu em ADM.

Ronan disse...

Neoliberalismo e Universidade: a repressão na Unesp.
Ronan Gomes Gonçalves

É já ponto comum afirmar-se a reestruturação neoliberal que esta ocorrendo nas universidades no Brasil. De cobrança de taxas e eventos à criação de fundações de ensino, que funcionam como qualquer empresa privada, passando pela instalação de unidades empresariais dentro das faculdades à crescente padronização do trabalho dos professores e a precariedade proveniente das terceirizações, muitas são as formas ou as etapas que esta reestruturação tem assumido.Entretanto, poucas são as vezes que as pessoas apontam para o conteúdo de fiscalização e repressão que acompanham essas mudanças.
Os estudantes da Universidade Estadual Paulista, Unesp, foram, no Estado de São Paulo, os responsáveis pelas mais profícuas e combativas lutas estudantis que se desenvolveram nos últimos dez anos no meio universitário paulista. È somente pelo fato de as faculdades estarem espalhadas pelo interior e completamente dispersas que impossibilita o conhecimento mais generalizado das lutas que aí se desenvolveram.
Os campi de Franca, Assis, Bauru, Araraquara e Marília que congregam os alunos carentes dos cursos ligados a humanidades e/ou destinados à licenciatura, foram palco de ativas movimentações que conseguiram frear, ano após ano, o avanço da ótica mercadológica desejada pelas direções e chefias universitárias e, ainda, conquistar bolsas de auxílio aos mais carentes, moradia estudantil, restaurante universitário, almejar maior respeito e participação nas decisões internas, além de terem construído uma rica prática cultural não mercantil com saraus, eventos, gincanas, almoços coletivos etc.
Tendo em conta esse terreno e a autonomia estudantil, as chefias universitárias da Unesp desenvolveram duas grandes estratégias de reestruturação neoliberal. A primeira consistiu na busca sistemática de destruir as faculdades nitidamente destinada a formação de trabalhadores e com alunado majoritariamente pobre. A expansão de vagas iniciada em 2003 não seguiu exclusivamente orientações pedagógicas, mas, também, a necessidade de incluir cursos de linhagem mais mercadológica nos campi onde a existência de lutas estudantis era já tradicional. Daí que, por exemplo, sem a menor estrutura, tenham implementado cursos de biológicas em campus de humanas.
Por outro lado, agora com o apoio da nova camada de estudantes sem problemas financeiros e apologéticos do rei mercado, iniciou-se a mercantilização de várias esferas que incluem até mesmo a cobrança de dinheiro para os alunos que atrasarem um dia sequer na entrega de livros na biblioteca (Unesp de Marília) e uma crescente fiscalização e controle sobre alunos que é realçada pela repressão sobre os descontentes que se insubordinam. Passou-se a implantar câmeras de vídeo, alarmes, circunscrever a movimentação de alunos, proibiu-se festas, e iniciaram as sindicâncias que passaram a fazer parte das especialidades de alguns professores e chefias mais defensores da ordem.
Em 2005, na Unesp de Marília a vice-diretora Maria Cândida Soares Del Masso pretendeu acabar com a bolsa de auxílio aos estudantes, que se destinava aos mais carentes sócio-economicamente, buscando distribuí-la mediante uma cota por cursos. Para se ter uma idéia, a grossa maioria dos alunos que recebem essa bolsa possuem renda per capta familiar de até 1,5 salários mínimos e com a decisão da vice-diretora haveria alunos com renda de R$ 2.000 reais que a receberiam. A bolsa é de R$ 160 ao mês.
Contra esse ato grotesco, um grupo de, aproximadamente, 100 alunos ocuparam a direção da unidade até que a bolsa voltasse a ter o critério anterior, ou seja, voltasse a atender os realmente necessitados. O ato foi vitorioso e mais uma vez os estudantes menos passivos conseguiram barrar a crueza das chefias universitárias. No entanto, posteriormente, a direção da unidade montou uma comissão averiguadora e tocaram a frente um processo de sindicância contra 3 alunos que foram escolhidos a dedo por seu papel mais ativo na organização do protesto e da luta em geral. Na Unesp de Marília, a vice-diretora Cândida e o diretor Tullo Vigevani, ex trotskista, com o apoio de professores aguerridos pela ordem estão a perseguir, mediante sindicâncias, os alunos que ainda persistem em lutar contra a mercantilização da universidade
É esse cenário de repressão que esta a predominar na Unesp. No mesmo ano de 2005, uma aluna de Franca foi chamada a depor junto a um grupo sindicante por ter criticado publicamente a qualidade do curso. Outros sete do mesmo campus foram expulsos por realizarem um ato artístico contra o reitor e em Araraquara há sindicância contra alunos, sendo que, a revelia da constituição, a Congregação da unidade, o foro de decisão, determinou a proibição de qualquer manifestação estudantil. Dessa forma, os estudantes de Araraquara, se respeitarem os desejos autocráticos das chefias acadêmicas, não poderão, sequer, distribuir um simples panfleto. Ainda em 2005, na Unesp de Marília um estudante foi ameaçado de expulsão por ter discutido com um professor num bar fora dos limites físicos da universidade. O autoritarismo universitário passa a requerer a soberania sobre a própria cidade.
Numa esfera mais minuciosa desenvolvem-se arquivos sobre estudantes particularmente visados, dá-se a leitura de e-mails que a universidade fornece aos alunos, fiscalização sobre comunidades do Orkut, espalha-se policiais à paisana pela universidade e toda uma prática de fiscalização mediante a cooptação de alunos que se prestam a dedurar os companheiros em vista de proventos e facilitações. Na Unesp de Marília até as lixeiras de metal, que os alunos usavam nos atos (“lataços”, “cadeiraços”), foram substituídas por lixeiras fixas, cimentadas no concreto para que não possam ser utilizadas.
A prática hoje corrente tem o explícito e único objetivo de tornar o ambiente universitário unespiano saudável à entrada das empresas. Afinal, para que as fundações instalem sua estrutura, ou que a Wizard monte uma sala de aula dentro da Unesp é necessário a garantia de que os alunos não irão boicotar ou mesmo sabotar e ocupar. Por outro lado é necessário varrer do campus o discurso que aponta para a responsabilidade social do Estado em garantir educação de qualidade independente do potencial monetário do aluno e sedimentar aquele da empregabilidade, da modernização, que garante às empresas a utilização da estrutura estatal a preços módicos, muito mais em conta do que o oferecido pelo mercado. É necessário que, a exemplo de USP e Unicamp, os estudantes sejam generalizadamente passivos para que as empresas sejam ativas e tenham o privilégio de serem competitivas porque não pagam aluguel, água, luz e usufruem de uma mão de obra qualificada e barata, além de garantirem para si o acesso exclusivo a dados mercados e dadas tecnologias.

Unknown disse...

Obrigado pelo apoio a mobilização feita aqui em adm, e também reconhecemos esta retomada da mobilização em diversas universidades pelo país. A questão de estudar o papel dos partidos, também tem sido um dos pontos de pauta, principalmente analisando a ação prática destes ao longo da história e na atual conjuntura. Aliás pessoalmente (eu fabricio e não daadm) já venho estudando há algum tempo e a leitura que faço é exatamente a contrária. A forma como os partidos historicamente tem se colocado e na conjuntura atual, ao invés de avançar nas lutas as segura ou elimina. Como o colega disse no outro email, é uma critica muito comum os militantes de partidos acusarem os outros de falta de teoria, quando devolvo a resposta: o problema é que muitos militantes do partido não conhecem a propria teoria partidaria, a historia dos partidos, e outras teorias que emergiram de lutas sociais muitas vezes mais profundas e radicais, muitas delas da classe contra o proprio partido. Enfim, to meio na correria por causa das coisas aqui em ADM, depois agente debate melhor. Abracao

Ka_Ka disse...

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Ka_Ka disse...

Muito interessante, o blog

Unknown disse...

Parabens ao Comuna e a Fabricio por este texto e,pelo blog, que nos mostra ,de forma definitiva,como vem sendo a atuacao do reitor Naomar, ou seja, este tem exercido um papel permissivo e de grande importancia para o progresso do sucateamento do ensino dentro da UFBA....E PARABENS PELA LUTA EM BUSCA DA UNIVERSIDADE POPULAR!!!

LEILA(FACULDADE RUY BARBOSA)

Anônimo disse...

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