Seguindo o exemplo da reitoria da UFBA, a burocracia acadêmica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também pretende usar das armas para deter o avanço do movimento estudantil. Em nota divulgada à imprensa, o reitor informa que equipará a polícia do campus com armamento de última geração para impedir futuras ocupações, fazendo da guarda universitária desta universidade a primeira armada em todo o país! Na UFPE os estudantes também estão ocupando a reitoria contra o REUNI e o pedido de reintegração de posse com o uso de força policial foi solicitado na mesma semana do realizado na UFBA. Essas medidas se configuram em mais um avanço na repressão aos estudantes.
O grau de articulação entre os reitores em todo o país ficou explicitado na tentativa de aprovação do REUNI à base de fraudes e da truculência, quando em diversas universidades federais os conselhos universitários foram forjados e os estudantes impedidos de acompanhar as ditas "sessões", no mais completo desrespeito aos requisitos legais mínimos e ao pouco de democracia que havia se constituído nas universidades estatais. Essa semelhança no método de "aprovação" do REUNI nos leva a crer que, assim como na UFPE, em breve outros reitores anunciarão as mesmas medidas autoritárias. Nas estaduais paulistas, entretanto, isso já não é novidade. Alunos da USP, UNICAMP e UNESP respondem a processos e alguns já foram até mesmo expulsos. As câmeras controlam quem entra e sai e grades se levantam em todas as direções.
Já na UFBA, a violência imposta aos estudantes que ocupavam a reitoria não foi suficiente. Sabendo que as mobilizações não vão parar, já foram feitas declarações pelo setor privatista de que todos os ocupantes serão processados administrativamente e, caso punidos, poderão até ser expulsos da universidade. O reitor Naomar de Almeida Filho chegou a garantir, em outra declaração a uma rádio local, que os 4 estudantes presos de forma arbitrária serão jubilados. O uso da força policial e institucional está escancaradamente posto a serviço de interesses particulares.
Este processo crescente de transformação das reivindicações estudantis em "caso de polícia" demonstra que nossas universidades estão "evoluindo" de mero aparelho ideológico a serviço do capital para "universidades-policiais". A iniciativa da burocracia acadêmica da UFPE mostra a tendência da universidade se transformar cada vez mais em simples instrumento violento de repressão, uma verdadeira "escola-prisão". Mas, por outro lado, essa demonstração de força por parte dos setores conservadores evidencia justamente o que tenta inutilmente destruir: a força das mobilizações estudantis que insistem em aumentar a despeito da repressão e da privatização, a ponto de a única forma que restou para barrá-las foi o uso da força bruta, da criminalização e da perseguição política.
A cada avanço da luta estudantil e dos trabalhadores mais máscaras caem. A universidade vai mostrando para quem serve e a necessidade de superá-la é colocada na pauta dos movimentos. Chegou a hora de construir a universidade democrática e livre. A universidade sem opressão, sem polícia, sem grades, sem muros. Uma universidade aberta aos movimentos sociais. A universidade dos trabalhadores. A verdadeira Universidade Popular!