UM CONVITE...

Quando uma sociedade é incapaz de criar as justificativas da sua existência, modifica imediatamente os mecanismos de produção das ideologias. A universidade sempre foi um desses mecanismos. Mas se a universidade já não pode mais dar resposta ao atual estágio de dominação, é porque de alguma forma as pessoas começaram a despertar. Deixaremos mais uma vez os soníferos discursos das modernizações conservadoras nos colocarem na cama ou nos levantaremos definitivamente? Fazemos, então, um convite à rebeldia e à criatividade. Não podemos aceitar a velha universidade burocratizada, nem a UNIVERSIDADE NOVA colonizada. Construamos nós, junto aos trabalhadores, a Universidade Popular!

COMUNA


sábado, 17 de novembro de 2007

Seguindo o exemplo da reitoria da UFBA, a burocracia acadêmica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também pretende usar das armas para deter o avanço do movimento estudantil. Em nota divulgada à imprensa, o reitor informa que equipará a polícia do campus com armamento de última geração para impedir futuras ocupações, fazendo da guarda universitária desta universidade a primeira armada em todo o país! Na UFPE os estudantes também estão ocupando a reitoria contra o REUNI e o pedido de reintegração de posse com o uso de força policial foi solicitado na mesma semana do realizado na UFBA. Essas medidas se configuram em mais um avanço na repressão aos estudantes.

O grau de articulação entre os reitores em todo o país ficou explicitado na tentativa de aprovação do REUNI à base de fraudes e da truculência, quando em diversas universidades federais os conselhos universitários foram forjados e os estudantes impedidos de acompanhar as ditas "sessões", no mais completo desrespeito aos requisitos legais mínimos e ao pouco de democracia que havia se constituído nas universidades estatais. Essa semelhança no método de "aprovação" do REUNI nos leva a crer que, assim como na UFPE, em breve outros reitores anunciarão as mesmas medidas autoritárias. Nas estaduais paulistas, entretanto, isso já não é novidade. Alunos da USP, UNICAMP e UNESP respondem a processos e alguns já foram até mesmo expulsos. As câmeras controlam quem entra e sai e grades se levantam em todas as direções.

Já na UFBA, a violência imposta aos estudantes que ocupavam a reitoria não foi suficiente. Sabendo que as mobilizações não vão parar, já foram feitas declarações pelo setor privatista de que todos os ocupantes serão processados administrativamente e, caso punidos, poderão até ser expulsos da universidade. O reitor Naomar de Almeida Filho chegou a garantir, em outra declaração a uma rádio local, que os 4 estudantes presos de forma arbitrária serão jubilados. O uso da força policial e institucional está escancaradamente posto a serviço de interesses particulares.

Este processo crescente de transformação das reivindicações estudantis em "caso de polícia" demonstra que nossas universidades estão "evoluindo" de mero aparelho ideológico a serviço do capital para "universidades-policiais". A iniciativa da burocracia acadêmica da UFPE mostra a tendência da universidade se transformar cada vez mais em simples instrumento violento de repressão, uma verdadeira "escola-prisão". Mas, por outro lado, essa demonstração de força por parte dos setores conservadores evidencia justamente o que tenta inutilmente destruir: a força das mobilizações estudantis que insistem em aumentar a despeito da repressão e da privatização, a ponto de a única forma que restou para barrá-las foi o uso da força bruta, da criminalização e da perseguição política.

A cada avanço da luta estudantil e dos trabalhadores mais máscaras caem. A universidade vai mostrando para quem serve e a necessidade de superá-la é colocada na pauta dos movimentos. Chegou a hora de construir a universidade democrática e livre. A universidade sem opressão, sem polícia, sem grades, sem muros. Uma universidade aberta aos movimentos sociais. A universidade dos trabalhadores. A verdadeira Universidade Popular!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Contra o REUNI e contra repressão!!

Com armas em punhos, na base dos socos e spray de pimenta, os desejos da burocracia acadêmica da UFBA finalmente se realizam. Nas primeiras horas manhã do dia 15 de novembro, em pleno feriado, a Polícia Federal invade a reitoria ocupada e retira à força os estudantes que lá permaneciam há 46 dias.

A reintegração de posse tinha sido conseguida na terça-feira desta semana, a pedido do Reitor Naomar de Almeida Filho, mas somente dois dias após, para dar tempo do EBEM (Encontro Brasileiro de Educação e Marxismo) terminar, encontro este que acontecia na própria reitoria ocupada, a ação da polícia se fez sentir, mostrando toda a covardia dos setores que controlam e vendem a universidade.

Este mesmo reitor, com apoio dos setores privatistas da universidade, incluindo o sindicato dos professores (APUB) e alguns grupos da burocracia estudantil, há menos de um mês já tinha simulado uma reunião do conselho universitário e aprovado de forma fraudulenta o apoio da UFBA ao decreto-REUNI e ao seu projeto Universidade Nova. Não tardaria para mais uma ação truculenta acontecer.

Na ação policial da manhã do dia 15 de novembro, a própria Polícia Federal se encarregou da ação, apontando suas armas aos rostos dos estudantes, batendo e humilhando os presentes. Dezenas de estudantes foram agredidos, e quatro deles foram presos de forma arbitrária. Nitidamente, as mulheres eram os focos das agressões, foram elas que mais sofreram com a violência física e psicológica promovida pela polícia durante a reintegração. Os estudantes foram liberados depois de encaminhados à sede da policial federal, mas estão sendo processados por desacato e por resistiram à prisão. Os outros estudantes agredidos foram impedidos, pela própria polícia, de prestarem queixa.

Infelizmente, a UFBA não é caso isolado. A repressão contra os estudantes foi marcante durante todo o ano de 2007. A polícia foi usada dentro de diversos campi para desmobilizar inúmeras manifestações. A proletarização do meio estudantil justifica em parte tal medida. A outra justificativa é que o movimento estudantil vem ganhando cada dia mais força e recria suas bandeiras de luta, garantindo autonomia frente aos governos e partidos, se organizando de forma horizontal e radicalizando suas ações. Já não querem mais a velha universidade, e não aceitam modernizações conservadoras.

Semana que vem, os estudantes prometem realizar uma grande assembléia geral para reforçar a luta que só termina com a derrubada do REUNI e com a garantia de uma assistência estudantil digna. Mas, a exemplo de outros movimentos sociais, o movimento de ocupação ganha mais uma bandeira: a luta contra a criminalização. Agora a luta é contra o REUNI e contra a repressão! Fora toda burocracia acadêmica, por uma universidade dos trabalhadores! Por uma Universidade Popular!