Esta semana foi decisiva para os ocupantes da reitoria da UFBA. Após uma grande vitória na assembléia geral dos estudantes, o movimento ganhou força mesmo esbarrando no autoritarismo da reitoria, que num conselho fraudulento, diz ter aprovado o decreto-REUNI. Agora, dentro da ocupação, os debates se intensificaram, e o apoio vindo das outras mobilizações (UFPR, UFF, FSA, UFGRS e UFRJ) deu mais ânimo ao movimento.
Desta forma, os velhos grupos que eram contrários à ocupação -- pois, segundo eles, o movimento dos ocupantes ia de encontro aos tradicionais fóruns do Movimento Estudantil -- foram obrigados a legitimar a ocupação e se juntar ao MORU (Movimento de Ocupação da Reitoria da UFBA) já na quinta-feira. Sem sucesso, neste mesmo dia, tentaram acabar com a auto-gestão e as comissões abertas, instituindo no lugar um "Comando de Geral", tirando todo o poder da Assembléia da Ocupação. Agora, seguem na tentativa de transferir o poder ao Conselho de Entidade de Base, já que não conseguiram derrotar a democracia direita. Mas até então, o MORU vem garantindo a ampla participação de cada estudante, dando, de forma igual, voz e votos a todos e combatendo a burocratização do movimento.
Na sexta-feira, dia marcado para acontecer a reunião do CONSUNI -- o conselho que é a instância máxima da burocracia acadêmica, onde a pauta era a aprovação do decreto-REUNI -- os estudantes se prepararam para exigir que a decisão fosse tomada somente após o plebiscito. Em uma manobra extremamente autoritária, o reitor Naomar de Almeida Filho aprovou o decreto-REUNI sem mesmo contar o quorum, sem ter elaborado uma ata e sem dar voz aos representantes estudantis. Ele sabia que contra tamanha resistência, somente um golpe garantiria seus planos. Os estudantes agora elaboram uma forma de reverter a decisão tomada de forma autoritária.
Domingo, para repetir o que aconteceu nos dois anteriores, os estudantes ocupantes se reuniram para debater os rumos da universidade. Desta vez, o tema era o próprio decreto-REUNI, garantindo assim que os que acabaram de chegar pudessem por si defender as bandeiras do movimento que adotaram. Em meio às críticas ao governo federal e à burocracia acadêmica, foi reafirmada a necessidade de construção de um projeto de universidade popular como única forma de garantir aos trabalhadores uma educação digna.